Um dia
após o modesto Leicester ser congratulado campeão inglês, jogando um futebol
intenso e com marcação implacável, o Atlético de Madrid consagrou ainda mais
este estilo de jogo, tão criticado por simpatizantes do futebol “ataque total”
ou então o “tic-taca”. A grande semelhança está no estilo que Colchoneros e
Foxes jogam: um futebol que não é bonito, porém também não é feio. Eu, apesar
de ser apaixonado pela evolução tática do futebol, mas como bom sujeito
sul-americano, me arrepio quando vejo jogadores marcando em bloco, encurtando
espaços, seja na pressão alta ou inteiramente atrás da linha divisória. Ser
intenso, jogar no 220v os 90 minutos é missão rara de conseguir e quem consegue
colhe frutos.
No
atual cenário, não existe exemplo maior do que o Leicester e o Atlético, que
derrubaram gigantes e conquistam fãs jogo a jogo. Enfim, parabéns aos Foxes,
mas o assunto agora são os caras que pela segunda vez em três anos chegam à
final da principal competição da Europa. A mesma base, a mesma sistemática.
Mudam poucas peças, não muda a trajetória. Depois de anos, o Atlético quebrou a
hegemonia de Real Madrid e Barcelona no futebol espanhol, ficou vice-campeão
europeu em 2014 no detalhe e em 2015/16 vai fazendo história novamente.
O mais
incrível é que eles crescem em jogos complicados. Favoritos, sofreram nas
oitavas e só passaram nas penalidades diante do PSV. Nas quartas, os comandados
de Diego Simeone fecharam a cara, colocaram a faca entre os dentes e o sorriso
apareceu somente depois de 180 minutos. Pra eles sorrirem, só com a vaga, ou
seja, eliminando o Barcelona. Na semi, o cenário se repete, só o adversário
mudou: Bayern eliminado em plena Allianz
Arena, em Munique, nesta terça-feira. Em síntese, a essência futebolística
ganhou novamente.
O
Bayern jogou a partida inteira como um trator. Foi pra cima com tudo, afinal
havia perdido por 1 a 0 em Madrid. O gol de Xabi Alonso não mudou o cenário,
tanto que no minuto seguinte teve um pênalti a favor cobrado por Müller e
defendido pelo ótimo goleiro Oblak. Mudou de tempo, os bávaros seguiram
pressionando, mas num erro, no único contra-ataque, o Atlético fez o crime:
Griezmann empatou, calando a boca de quem ainda insistia em chamá-lo de “pipoqueiro”.
Depois, Neuer defendeu penalidade de Torres, manteve os mandantes vivos, que
diminuíram com Lewandowski e pressionaram até o fim. Guardiola mandou Thiago
Alcântara para o aquecimento, somente para ele auxiliar o serviço dos
“gandulas” na reposição de bola. Foi uma
pressão infernal, mas não deu pra virar.
Não seria injusto se ocorresse à
virada, assim como não foi injusta a classificação madrilena, afinal avançou
quem soube jogar dentro das circunstâncias. O regulamento foi valorizado. Nos
mais de 180 minutos, o Atlético de Madrid jamais esteve sendo eliminado.
Simeone não se incomoda em ensinar aos seus comandados que vencer por “meio a
zero” é bonito, pode não ser vistoso, mas é vitoria, se bem que neste caso
derrota, mas com passagem pra Milão carimbada. Esse é o Atlético, a embalagem
pode até não ser bonita, mas a satisfação do cliente é garantida. Seus clientes
(torcedores) agradecem.
Por Ed Andreick Moreira Wisniewski
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