Dunga, mais uma vítima das circunstâncias

                A queda de Dunga era óbvia. Estava escrita desde o momento em que assumiu o comando com essa direção de futebol e jogadores veteranos, todos com mais de cinco zeros no salário, formavam a base do time. Dunga iria cair a menos que fizesse o milagre de transformar o Inter velho, sem estádio, sem renovação, sem coerência na política de futebol, em um time competitivo. Não o fez, e obviamente caiu.

                Dunga é mais uma entre tantas vítimas das circunstâncias que aniquilaram o Inter competitivo construído por Fernando Carvalho e Vitório Piffero. Existe uma frase emblemática dessas circunstâncias, proferida por Newton Drummond, também conhecido como Chumbinho, nas tribunas do estádio do Vale após um resultado ruim. Essa é a frase definidora, que resume o momento do Inter:

                - Quando éramos campeões do mundo, ninguém fazia isso (vaiar o time).

                Quando Gabriel era uma grande lateral direito, o Inter não havia sido campeão da Libertadores. Quando índio e Juan poderiam formar a zaga da Seleção Brasileira, Adriano Gabiru estava fazendo o gol que embalava os sonhos colorados. Quando Kleber era o melhor lateral esquerdo do Brasil, o Corinthians, onde ele se formou, ainda não havia conquistado a América. Quando Forlán foi o melhor jogador da Copa do Mundo, Celso Roth conquistava uma improvável Libertadores com um time montado por Fossati.

                O Inter vive de passado na sua direção e no seu elenco. Não existe renovação nem de conceitos, nem de atletas. O Inter vive no passado saudoso, nostálgico, que garante a permanência de pessoas sem méritos em cargos de decisões. Nesse Inter passadista, Dunga Fracassou. Nunca foi um grande renovador de conceitos, como provou a sua passagem pela Seleção Brasileira. Sempre foi um fechador de vestiário, um agregador, um homem de caráter, e isso fez dele um vencedor. As suas vitórias incomodaram muita gente.

                O fracasso de Dunga era anunciado. Ele fracassaria como fracassariam quase todos que assumiram uma nau à deriva, vivendo de um vento que um dia soprou. Deixa o time sete pontos da zona do rebaixamento, e ainda faltam dois meses para o fim do campeonato.

Fonte: Impedimento